Eu tenho conversado com muita gente, tenho conhecido várias pessoas na minha caminhada sacerdotal e uma das coisas que eu sempre notei, que é uma dificuldade humana mesmo, independente de fé, independente de conhecimento do Evangelho, independente de ligação religiosa, uma das maiores dores do ser humano é realmente algo relacionado com a autoestima.
Se preferir, ouça este artigo:
A autoestima faz bem, ela nos auxilia. Quantas oportunidades já perdemos por falta de autoestima? E quantas oportunidades ainda poderemos perder na nossa vida porque não nos achamos dignos de algo que venha a beneficiar a nossa vida?
A autoestima está envolvida em todos os setores da vida da pessoa. Seja no trabalho, seja na família, seja no seu desenvolvimento pessoal, em tudo a auto estima faz uma imensa diferença numa pessoa. E exatamente porque o contrário da autoestima é a baixa autoestima, que é uma profunda desconsideração por si, podendo chegar até mesmo ao ponto de se desconsiderar como um ser humano.
Quando a pessoa mergulha nessa baixa autoestima, a tristeza se torna companhia. Ela te leva à um processo de auto desprezo, e o auto desprezo em momento algum pode ser satisfatório para o espírito, para o filho de Deus que aqui está habitando na Terra.
Jesus nos orienta sobre a autoestima na Bíblia
Geralmente as pessoas acham que a autoestima não é tratada no Evangelho, mas é tratada sim. O Cristo nos falou sobre isso, Jesus nos colocou todas as informações que precisamos para entender esse assunto.
Se a gente olhar com cuidado, quando o Cristo fala sobre as Leis, ele coloca ali uma Lei que é para agirmos para com o próximo, mas só que nós temos que agir conosco mesmo primeiro. Quando o Mestre Jesus falava: “Amarás o Senhor teu Deus e ao próximo como a ti mesmo”. Essa parte que, às vezes, passa tão desapercebida, “como a ti mesmo”, o Cristo está falando exatamente da nossa autoestima.
Se nós não temos autoestima, nós não temos também olhos para valorizar o próximo. Se nós não temos autoestima para conosco mesmo, com a nossa vida, não tem como a gente desejar que a vida do outro seja melhor do que a nossa.
Até mesmo nesse princípio da Lei, de amar ao próximo como a ti mesmo, está também ali um convite para que nós nos amemos. Exatamente para ter experiência e poder amar o próximo. No evangelho já fala como é importante a gente ter autoestima, porque a autoestima está de acordo com a Lei de Deus e a Vontade de Deus. Se eu não tenho amor por mim mesmo, como que eu vou conseguir doar o amor verdadeiro para meu próximo? Amor sem experiência não é amor.
1º passo para uma autoestima verdadeira: autointeresse
Nós nunca poderemos ter uma autoestima verdadeira se não tivermos o primeiro passo para que isso aconteça. E o primeiro passo é exatamente o autointeresse. Quando eu passo a ter um processo maior de interesse por mim mesmo, passo a me conhecer melhor, passo a entender os meus valores, passo a entender onde eu necessito melhorar, mas também passo a entender onde eu já melhorei, esse auto interesse vai despertar verdadeiramente a autoestima.
O autointeresse começa em conhecer-se. Você sabia que você tem qualidades? Você sabia que você tem qualidades que muitas vezes somente você nesse mundo possui? E você tem particularidades únicas que só você tem, como sua impressão digital. Você também tem qualidades que são únicas. Eu estou falando aqui para você e muitas vezes você nem sabia que existia, ou talvez nunca parou pra perceber que isso exista.
É mais comum para nós acharmos que qualidades só tem os outros. É muito comum para a forma que fomos criados e a cultura que nós recebemos, achar que qualidades e coisa boa só podem ser para os outros. É um pouco disso que vamos começar a quebrar, um pouco desses conceitos que não deixam a nossa autoestima subir. Esses conceitos que muitas vezes nos fazem sofrer. Esses conceitos que nos aprisionam e não nos permitem que tenhamos as coisas boas que o mundo tem para ser usufruído.
Ter autointeresse também é uma viagem dentro de si mesmo conhecendo seus potenciais e vendo aquilo que você de verdade tem. Você tem valor, olhe um pouquinho para trás, para a sua vida, e note quantas coisas você já fez, quantas coisas você já passou e como você é forte.
Muitos e muitos e muitos desistiram bem antes de onde você está agora. E você não, você está aqui. Você ainda tem um futuro, você ainda tem planos, você ainda tem sonhos que podem ser realizados dentro de um projeto, você ainda está aqui para realizar. Mas para que isso aconteça, é necessário que haja o autointeresse que gera a autoestima verdadeira.
É uma autoestima que é verdadeira, ela não é uma autoestima dada por alguém porque alguém vem e te elogia, aquilo te deixa bem mas depois passa. Não. A autoestima verdadeira é aquela que é formada dentro de você e passa a ser admirada naturalmente por aqueles que te vêem.
Como iniciar o autointeresse?
Há algumas perguntas que são importantes para você responder para si mesmo a fim de que você possa se conhecer.
Ninguém gera interesse em si mesmo, se você na verdade não se conhecer. Você não consegue ter interesse naquilo que você não almeja. E se você não almejar se conhecer, você não vai conseguir criar interesse. Então, você precisa querer se conhecer. E, para se conhecer, você precisa, na verdade, responder. Você precisa responder perguntas para você mesmo, porque através dessas perguntas que você vai ter uma “radiografia” do seu amor próprio, da sua autoestima, do ser que você é aqui na Terra, de quem você é dentro da sua casa, do seu serviço, da sua rua, da sua sociedade, do local que você habita. Se você não responder essas perguntas com sinceridade, vai ser muito difícil você preparar um terreno para nascer ali a árvore da autoestima, e o mais importante, se alimentar com os doces frutos dessa árvore.
Então vamos lá! É importantíssimo você responder com sinceridade:
- o que você pensa de si mesmo?
O que você pensa de você? Essa não é uma pergunta que deva ser respondida com outra pessoa, o que outro pensa de você, ou o que sua mãe pensa de você, ou o que seu esposo ou esposa pensa de você, ou o que as pessoas, seus amigos pensam de você. Não é essa resposta que estamos buscando.
Se você fosse falar de você sem falar que era de você para outra pessoa, o que você falaria? “Ah eu conheço uma pessoa que é tímida, eu conheço uma pessoa que se valoriza, eu conheço uma pessoa que sempre tá em alta, eu conheço uma pessoa bem humorada.” Como é você? “Conheço uma pessoa dramática, conheço uma pessoa pessimista.” Como é você?
Essa é uma pergunta que você tem que responder para iniciar o conhecimento de si mesmo.
Uma outra pergunta que você pode fazer para si mesmo e obter aí o fruto da resposta benéfica é:
- Você é uma pessoa confiável e positiva?
- Você é uma pessoa que mais cativa as outras pessoas ou mais repulsa as outras pessoas? Começa por aí, respondendo para se conhecer, para que assim a gente possa mudar e transformar.
Uma outra pergunta que seria interessante também responder, com toda sinceridade:
- Você sabe o que te faz feliz? Você teria um plano, ou uma imagem daquilo que te faz feliz? Você sabe realmente aquilo que te daria alegria e satisfação?
Uma outra pergunta para gente terminar esse ciclo é:
- No que você falha consigo mesmo?
Uma pergunta simples, dentro da sua análise, no que você falha consigo mesmo. Responda. “Olha eu falho quando eu engulo tudo, eu falho quando eu me sinto acovardado, eu falho porque eu não consigo terminar um projeto, eu falho porque não consigo me comunicar, eu falho porque eu sinto essa ou aquela sensação.” Onde você falha com você mesmo? Onde você falha na sua vida? Responda. Onde você falha? “Ah eu falho quando eu deixo as pessoas fazerem o que querem comigo. Ah eu falho quando eu não me sinto que mereço uma roupa nova e compro coisas pra todo mundo. Eu falho quando acho que tenho que comprar o amor ou amizade das pessoas.” Onde você falha consigo mesmo?
É importante você saber essas respostas pois, se você não souber desses pontos, vai ser muito difícil mudarmos. Mas se soubermos essas respostas do nosso próprio íntimo, será muito mais fácil de fazer uma transformação. E todos nós temos o direito a ter uma autoestima, uma realização, uma perfeita e completa noção da nossa própria existência aqui na Terra.
