Despertemos o Cristo em nossas vidas

Passamos por tempestades na vida mas, muitas vezes, o que precisamos fazer é despertar o Cristo que ainda dorme na nossa existência. Um bom capitão para guiar o barco da nossa existência, pois a experiência do capitão leva à tranquilidade dos passageiros.

“36. Deixando o povo, levaram-no consigo na barca, assim como ele estava. Outras embarcações o escoltavam. 37. Nisto surgiu uma grande tormenta e lançava as ondas dentro da barca, de modo que ela já se enchia de água. 38. Jesus achava-se na popa, dormindo sobre um travesseiro. Eles acordaram-no e disseram-lhe: Mestre, não te importa que pereçamos? 39. E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Silêncio! Cala-te! E cessou o vento e seguiu-se grande bonança.” (Marcos, 4, 36 – 39)

Conta-nos o trecho do Evangelho que o Cristo entra nesse barco com os seus apóstolos e discípulos, encontra um espaço, se deita para descansar da longa jornada que eles tinham feito e ali ele adormece. Mas, em um determinado momento, o tempo se fecha e começa a soprar um vento de tempestade que vem, bagunça e levanta o mar em ondas gigantescas. Mesmo os homens mais experientes se desesperam: Pedro, João, Bartolomeu, André, todos eles eram pescadores experientes. Naquele desespero, eles começaram a olhar um para o outro, o mar revolto e a tempestade acontecendo e nenhuma tocha acesa (já era noite e o vento havia apagado todas as tochas).

Apesar de toda a tempestade, Jesus continuava dormindo. Então, um dos discípulos se dirige lá para o fundo do barco e se aproxima de Jesus para acordá-lo: “Mestre, não te importa que pereçamos?”

É nesse momento que se dá uma das mais belas cenas do Cristo com os seus apóstolos. No primeiro chamado, o Mestre desperta e já toma ciência de tudo o que estava acontecendo. A tempestade, o vento, as ondas, o pavor, o temor e a escuridão. Percebendo o sofrimento de todos aqueles pescadores experientes, ele repreende o vento apenas com uma palavra: “Cala-te!”

Assim que o vento cessa, ele dá a ordem para as ondas também se acalmarem. E ali então volta a segurança e a paz. Ainda conta que os apóstolos e discípulos comentavam: “Quem é esse que mandou o vento se calar e o mar obedece?”

Há tanto tempo os apóstolos estavam vivendo com ele e, no entanto, não conheciam o poder do mestre Jesus. Isso aconteceu há 2000 anos atrás mas ainda acontece no hoje, no século XXI com cada um de nós. Muitas vezes, olhamos o barco da nossa vida, da nossa família, do nosso ser e ele está adernando. Mas se o Mestre Jesus calou a tempestade lá atrás há 2000 anos e o amor que ele tem por nós ainda é o mesmo, pode também calar a tempestade da nossa vida.

Muitas vezes, tudo o que precisamos é de um bom capitão para guiar o barco da nossa vida pois a experiência do capitão leva à tranquilidade dos passageiros. Em outras palavras, é despertar o Cristo na nossa existência.

Como fazer para despertar o Cristo em minha vida?

Não é vergonha estarmos perdidos em algum momento. Mas é nessa hora que precisamos lembrar que não há melhor conselheiro que o Mestre Jesus.

Há um conselho maravilhoso que foi dado há muito tempo atrás mas que serve perfeitamente para os nossos dias:

“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! 5. Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. 6. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. 7. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus. 8. Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. 9. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco.” (Carta de Paulo aos filipenses, 4, 4-9)

Confiemos de verdade em Deus

Tudo aquilo que te preocupa, que prende o seu coração, que pesa a alma e consome os seus dias, Paulo nos aconselha a colocar em Deus. Pequenas, grandes, antigas e novas, todos temos preocupações. E pode notar que boa parte do nosso dia estamos trabalhando com essas preocupações. Elas consomem um grande tempo da nossa vida mas Deus não quer que esse presente chamado Vida seja gasto em vão.

Quem de nós já não sentiu opressão nessa vida, na nossa casa, no nosso serviço? Guardamos essa opressão no coração que nos faz caminhar com dor na vida. Mas precisamos aprender a entregá-las para Aquele que pode resolver. E, como fazer isso?

Conforme nos ensina Paulo, mediante a oração, ou seja, falar com Deus, súplica, ou seja, humildade perante Deus, e ação de graças.

Oração = orar + agir

Na oração que é falar com Deus, temos que orar sim mas também agir. Orar com ação.

Suplicamos, ou seja, nos colocamos humildes perante Aquele que tudo pode:

“Senhor, isso eu não dou conta, preciso da sua ajuda”.

Gratidão

Eu peço, entrego aquilo que está me causando sofrimento, me coloco perante Deus em oração e agradeço desde já a Deus pela Misericórdia.

Mas, pode ter alguém pensando: “Por que dar ação de graças? Olho em minha volta e não vejo nada feliz, olho para o futuro e nao vejo nada interessante”.

Lembremos que tudo a nossa volta se faz conforme os nossos olhos. É o que nos ensina o Evangelho, que os olhos são a luz da alma. Temos que ter esse impulso de olhar um pouco mais a graça que Deus nos permite. Só pela sua vida, dai graças.

Se o dia amanheceu foi pela graça de Deus. Se você pode abrir os olhos e enxergar a sua volta é a graça de Deus que está ali. Devemos encontrar os milagres onde estão de verdade. O pão de cada dia sobre a nossa mesa é um milagre. Poder ouvir a voz d quem amamos é um milagre. Todos os dias temos milagres. Não passou um dia desde o nosso nascimento sem que Deus não operasse milagres na nossa vida. Mas, estamos tão acostumados com tudo que mal prestamos atenção. Por isso, “alegrai-vos” porque tem motivos para estar alegre.

E ainda nos diz no Evangelho que devemos ter cuidado em nutrir aquilo que é justo, santo, digno, louvável, fraterno e caridoso no nosso pensamento. Em outras palavras, que cultivemos aquilo que é bom e santo dentro de nós.

Com esses passos que Paulo nos ensina, podemos ter uma nova condição na nossa própria vida e assim a paz habitando o nosso coração. Despertemos o Cristo, sejamos amigos verdadeiros dele, tenhamos intimidade com o amado Mestre Jesus, peçamos seus sábios conselhos e deixemos que ele seja o timoneiro do barco da nossa existência.

Extraído do magistério da abençoada Unção do dia 30/09/2020